Heráclito

Heráclito

Heráclito de Éfeso foi um dos principais filósofos pré-socráticos, por ter iniciado o pensamento dialético e defender que a natureza é composta por uma constante mudança.

Heráclito de Éfeso foi um dos principais filósofos da Antiguidade pré-socrática. É classificado como partícipe da escola jônica apenas por sua localização geográfica e pela facilidade didática com que essa classificação permite entender seu pensamento. A obra do filósofo caracterizou-se por iniciar um movimento de ruptura na filosofia pré-socrática que, juntamente com as ideias dos eleatas, desembocaria nas filosofias socráticaplatônica e aristotélica.

Principais ideias

Heráclito inaugura uma maneira de pensar o surgimento do Universo diferente da que fazia os jônicos e pitagóricos, pois, enquanto esses apresentavam uma unidade material como elemento originário de tudo, Heráclito depositou a sua especulação em um elemento (o fogo), por sua capacidade de movimentar, agitar e transformar as coisas. Segundo esse pensador, o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo todo, e o fluxo perpétuo (movimento constante) é a principal característica da natureza.

O professor José Cavalcanti de Souza explica a essência de todo o pensamento heraclitiano acerca da natureza, com base na seguinte passagem da coletânea de textos sobre filósofos pré-socráticos da coleção Os Pensadores: “Heráclito diz, em alguma passagem, que todas as coisas movem-se e nada permanece imóvel. E, ao comparar os seres com a corrente de um rio, afirma que não poderia entrar duas vezes num mesmo rio.”|2|

Essa afirmação condensa o significado do fluxo heraclitiano, pois o movimento constante é a marca principal da natureza. Nada fica estático, tudo se move, tudo muda. O rio muda a cada segundo, do mesmo modo que a pessoa muda a cada segundo, sendo assim uma mesma pessoa não pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois tanto ela quanto o rio já não são mais os mesmos no instante após o primeiro banho.

Heráclito defende que não há unidade natural no mundo, mas duelos e dualidade constante. “O mundo é um eterno devir”, afirma o filósofo, querendo dizer que há uma constante mudança, imprevisível, que caracteriza a natureza. O pensador despreza a noção de essência e defende que existe uma mutabilidade, surgida de vários processos contínuos, que resulta no que é o mundo. Essa relação é composta pelo duelo entre os contrários, o qual gera novas características. Por pensar assim, Heráclito é considerado o “pai” da dialética.

Existem divergências quanto à obra de Heráclito, pois os estudiosos convencionaram que ele teria escrito uma obra completa, chamada Sobre a natureza. Não obstante, pesquisas mais recentes tentam demonstrar que a obra do filósofo consiste em um conjunto de aforismos espaçados e separados, não sendo um conjunto único.


No entanto, as publicações atuais reúnem os fragmentos heraclitianos para publicá-los em uma obra intitulada Sobre a natureza, pois esse é o tema geral, sendo um único livro ou não. Essa confusão deu-se pelo encontro de fragmentos, de suposta autoria do filósofo, que não teriam uma continuidade. Não se sabe ao certo se a obra fragmentada foi propositalmente escrita assim (na forma de aforismos) ou se tal fragmentação deu-se pela ação do tempo e dos seres humanos.

Parmênides

Temos, na filosofia pré-socrática, uma oposição de pensamentos que consiste na maior disputa do mundo antigo: de um lado, Heráclito defende a mudança contínua das coisas e a recusa a uma essência fixa e rígida que defina a tudo. De outro, Parmênides defende que não há mudança, pois as essências permanecem as mesmas e a mudança que acontece é superficial, fruto do engano dos sentidos.


De fato, Heráclito e Parmênides não se conheceram, mas a relação conflituosa dos pensamentos de ambos os filósofos foi reconhecida nas obras de Platão, de Aristóteles e dos pré-socráticos pluralistas.


Para além do reconhecimento dessa oposição, os pré-socráticos pluralistas dedicaram-se a formular teorias cosmológicas que dessem conta de explicar essa oposição, fazendo questão de mostrar que no mundo há, ambiguamente, movimento e imobilidade. Caso tenha mais interesse nesse assunto, leia nosso texto sobre o principal discípulo de Parmênides: Zenão de Eleia.


Frases

“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio porque as águas renovam-se a cada instante.”


“Os olhos e os ouvidos são maus testemunhos quando a alma não presta.”


“A oposição traz concórdia. Da discórdia advém a mais perfeita harmonia.”


“A verdadeira constituição das coisas gosta de ocultar-se.”


“Para os seres despertos, há somente um mundo comum.”


“A única coisa que não muda é que tudo muda.”





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